Ser
diferente... Uma questão que nos traz inúmeras indagações e discussões acerca
de como a diversidade é disseminada na sociedade e, consequentemente, na escola
enquanto espaço institucional educativo. Ao falar sobre diversidade/diferenças,
refiro-me aos níveis físico, psicológico, comportamental, social, econômico,
cultural, étnico, religioso, dentre muitos outros que devem ser considerados
para esta reflexão.
Vivemos em uma sociedade repleta de concepções historicamente constituídas, na qual as diferenças encontram-se presentes e são perceptíveis, porém muitas vezes ignoradas ou concebidas de forma preconceituosa. Considerando algumas ideias apresentadas por Alice Itani, é importante perceber que respeitar a diversidade,
Vivemos em uma sociedade repleta de concepções historicamente constituídas, na qual as diferenças encontram-se presentes e são perceptíveis, porém muitas vezes ignoradas ou concebidas de forma preconceituosa. Considerando algumas ideias apresentadas por Alice Itani, é importante perceber que respeitar a diversidade,
Significa
afirmar a diferença sem com isso destruir o outro, nem mesmo destruir-se. O
fato é que para afirmar o meu “eu” não preciso necessariamente passar pela
negação do outro. [...] O outro, que é diferente, não é algo que possa ou não
deva existir. Ele existe. (ITANI, 1998, p. 128).
Nesta
perspectiva, pode-se afirmar que “(...) as diferenças existem e não podem ser negadas”
(ITANI, 1998). A escola deveria então exercer o papel de educar e formar
cidadãos que respeitem as diferentes formas de ser, pensar, agir, bem como as
características e singularidades de cada indivíduo, cumprindo, assim, sua
função social, política e pedagógica. Entretanto, sabemos que a escola também é
um local onde são reproduzidas ideologias meramente excludentes, preconizadas
por um contexto social mais amplo na qual está inserida, sendo necessário um
olhar crítico sobre tais questões. Assim, de acordo com Richard Miskolci,
A
instituição que deveria educar respeitando particularidades e de forma a
contribuir para uma sociedade mais justa termina por ensinar a dissimulação, a
obrigação de rejeitar em si mesmos tudo o que os diferencia da maioria.
(MISKOLCI, 2005, p. 19).
A
Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, não está fora desta
complexa discussão sobre a diversidade, constituindo-se como fundamental para o
desenvolvimento integral da criança, principalmente no que diz respeito aos
aspectos cognitivo, psicológico e social, que são essenciais para a construção
da identidade e autonomia nesta fase.
É importante que as práticas educativas, desde a Educação Infantil, estejam pautadas no respeito à diferença, tendo em vista que esta “precisa ser tirada do lugar do estranho, do horrível e da aberração” (ABRAMOWICZ; LEVCOVITZ, 2005), buscando valorizar cada sujeito que compõe o espaço escolar.
Deste modo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução Nº 5, 17 de dezembro de 2009), em seu artigo 9º, inciso VII, faz a seguinte exigência:
É importante que as práticas educativas, desde a Educação Infantil, estejam pautadas no respeito à diferença, tendo em vista que esta “precisa ser tirada do lugar do estranho, do horrível e da aberração” (ABRAMOWICZ; LEVCOVITZ, 2005), buscando valorizar cada sujeito que compõe o espaço escolar.
Deste modo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução Nº 5, 17 de dezembro de 2009), em seu artigo 9º, inciso VII, faz a seguinte exigência:
Art.
9º - As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação
Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira,
garantindo experiências que: [...] VII – possibilitem vivências éticas e
estéticas com outras crianças e grupos culturais que alarguem seus padrões de
referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade;
(BRASIL, 2009).
Evidenciando,
ainda mais, a importância da convivência com as diferenças de modo igualitário,
reconhecendo a importância de respeitá-las através de uma perspectiva dialógica
e de experiências em sala de aula. Apesar de existirem documentos que
determinam tais práticas, nem sempre elas são desenvolvidas nas instituições
escolares, incluindo as de Educação Infantil. Tratar sobre esse tema não é tão
simples quanto pode parecer, tendo em vista que é preciso uma mobilização por
parte dos sujeitos pertencentes ao ambiente escolar, tendo o objetivo de romper
visões pré-determinadas quanto à diversidade.
Então, como poderemos contribuir para o convívio entre crianças que apresentam características diferenciadas, sem que haja exclusão? É realmente necessário que o(a) educador(a) desenvolva estratégias, atividades pedagógicas e reflexões que possibilitem às crianças uma compreensão de que todos somos diferentes, mas podemos conviver em grupo, compartilhando experiências, exercendo funções diferenciadas e respeitando as particularidades de cada um. Portanto, a atuação docente na Educação Infantil torna-se fundamentalmente importante para o alcance desses objetivos. De acordo com Eulàlia Bassedas et al.,
Então, como poderemos contribuir para o convívio entre crianças que apresentam características diferenciadas, sem que haja exclusão? É realmente necessário que o(a) educador(a) desenvolva estratégias, atividades pedagógicas e reflexões que possibilitem às crianças uma compreensão de que todos somos diferentes, mas podemos conviver em grupo, compartilhando experiências, exercendo funções diferenciadas e respeitando as particularidades de cada um. Portanto, a atuação docente na Educação Infantil torna-se fundamentalmente importante para o alcance desses objetivos. De acordo com Eulàlia Bassedas et al.,
É
importante estar consciente dessas diferenças entre as pessoas para organizar
uma prática educativa em que isso seja considerado e, assim, tornar mais aberta
a experiência dos meninos e das meninas em relação ao mundo que os envolve.
Isso somente é possível se, na escola, respeitam-se as diferenças de cada uma
das crianças, condição para possibilitar um bom desenvolvimento que parte da
aceitação da sua identidade pessoal [...]. (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p.
140).
É preciso que as experiências
vivenciadas em sala de aula tornem-se significativas para as crianças, as quais
levarão estes conhecimentos por toda a vida. Possibilitar que elas reflitam
sobre tais questões é como abrir portas ou criar meios de construir novos
espaços, novos mundos, novos sujeitos. Deste modo, acredito que é este o
caminho que nós devemos seguir: eliminar as desigualdades em prol do respeito
às diferenças através da educação.
Algumas dicas...
Após a reflexão, decidi deixar algumas ideias que, possivelmente, poderão nortear as práticas educativas acerca da diversidade na Educação Infantil. Vale lembrar que são apenas sugestões, podendo ser adaptadas de acordo com o que pretende ser desenvolvido.
Bonecos da diversidade:
Algumas dicas...
Após a reflexão, decidi deixar algumas ideias que, possivelmente, poderão nortear as práticas educativas acerca da diversidade na Educação Infantil. Vale lembrar que são apenas sugestões, podendo ser adaptadas de acordo com o que pretende ser desenvolvido.
Bonecos da diversidade:
Os bonecos da diversidade foram
feitos manualmente para uma oficina da disciplina “Práticas educativas em
creches e pré-escolas”. Os bonecos representam algumas das etnias e culturas
que podem ser apresentadas às crianças e ser utilizados durante a contação de
histórias, produzidas pelo próprio(a) educador(a). Tem como objetivo afirmar a
diversidade existente, estimulando a identificação/construção da identidade das
crianças.
Hora da história...
A literatura infantil exerce importante função nas práticas desenvolvidas durante essa etapa da Educação Básica. Por isso, foram selecionadas algumas dicas de livros com histórias muito interessantes, que abrangem a temática “diversidade” e podem ser contadas para as crianças em sala de aula:
Hora da história...
A literatura infantil exerce importante função nas práticas desenvolvidas durante essa etapa da Educação Básica. Por isso, foram selecionadas algumas dicas de livros com histórias muito interessantes, que abrangem a temática “diversidade” e podem ser contadas para as crianças em sala de aula:
Diversidade, de Tatiana Belink (Quinteto Editorial): “Tudo igualzinho? Ai, como é chato!”. Salienta as diversas características humanas, de modo muito divertido, enfatizando que ser diferente é bom e tem o seu valor. Disponível para leitura em: http://picasaweb.google.com/110972509852836125084/LivroDIVERSIDADETatianaBelinky?gsessionid=XelIPiWvP1uhAIh60aqQhQ#5296336504173910626
Ninguém é igual a ninguém, de Regina Otero e Regina Rennó (Editora do
Brasil): Mostra que todos são diferentes, mas devem ser valorizados e
respeitados. Disponível para leitura em: http://www.slideshare.net/celoym/ningum-igual-a-ningum-presentation
Simplesmente diferente, Mônica Picavêa (J. J Carol - com audiodescrição
de texto e ilustração): Apresenta a temática diversidade na perspectiva da
inclusão de pessoas com deficiência visual, estendendo-se a outras deficiências
também.
Referências:
ABRAMOWICZ, Anete; SILVÉRIO, Valter Roberto (Orgs.). Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeça da diversidade na escola. Campinas, SP: Papirus, 2005. (Coleção Papirus Educação).
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB Nº 5 de 17 de dezembro de 2009.
ITANI, Alice. Vivendo o preconceito em sala de aula. In:_____ AQUINO, Julio Groppa (Org.). Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998.
BASSEDAS, Eulàlia; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel; tradução Cristina Maria de Oliveira. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999.
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