Uma reflexão sobre limites na educação de nossas crianças

Muitos pais hoje em dia tem sérias dificuldades em estabelecer limites para os filhos e em dar fim as discussões e a pequenas questões simples do dia a dia, sendo incapazes de exercer sua autoridade junto aos filhos.

De uma maneira geral, parece que as mães (principalmente as que trabalham fora), apresentam este tipo de dificuldade em maior grau que os pais.

Sem saber como agir diante da nova relação, os pais abandonaram a postura excessivamente rígida.

O problema é: como encontrar a medida certa entre o sim e o nãoEssa dúvida também ocorre com alguns professores.

Algumas tendências pedagógicas contribuíram para alterar a relação professor-aluno e pais-filhos.Priorizaram: atendimento às necessidades individuais, adaptação das necessidades individuais ao meio social, a escola deve retratar a vida, o conteúdo não é prioritário, relação professor-aluno, a não intervenção, o respeito e a aceitação plena do aluno como pessoa e apoio total ao desenvolvimento pleno e livre da criança.

Apesar de apoio a estas idéias, surgiram algumas conseqüências indesejáveis e não previstas pelos autores das teorias, como: a dificuldade do professor estabelecer limites entre a liberdade que pretendiam dar aos alunos e a autoridade que precisavam ter em determinados momentos; descompromisso com a aprendizagem e com os conteúdos de ensino.

Quanto aos pais, estas linhas encontraram receptividade nas idéias: dialogar com os filhos, compreender o enfoque das crianças, evitar frustar, dar liberdade, estimular a criatividade, etc.

Da mesma forma, porém, que na escola, que tais idéias foram interpretadas de forma radical, o mesmo ocorreu com os pais, que passaram a crer, talvez sem muita consciência disso, que qualquer limitação, deveria ser evitada, a qualquer custo, sob a pena de não serem pais modernos¨, ou de estarem podando ou castrando a potencialidade dos filhos.

Os pais parecem ter desaprendido, por exemplo, como dizer um simples não, de forma convincente, quando precisam negar alguma coisa aos filhos. Na maior parte das vezes, esse não soa como um sim.

As coisas não foram mais fáceis para os nossos pais, não. As crianças não mudaram. São e serão, insistentes quando quiserem alguma coisa, foram os pais que mudaram: antes eles tinham certeza do que pretendiam em relação aos filhos e, por isso mesmo, não davam possibilidades de tantas discussões acerca das coisas simples como: hora de dormir, comer ou não determinados alimentos, hora de estudar, etc. Todas as questões que eram coisas definidas e definitivas para os pais da geração anterior, não são mais hoje.Não se sabe se esta mudança de atitude é boa ou ruim, porque não é uma escolha pessoal, interior; mas uma atitude que julgam ser o moderno.

Deixam as crianças fazerem de tudo, não limitam nada. É claro que, depois de algum tempo, quando o limite de sua paciência se esgota, tentam dizer não. Muitas vezes, tem vontade de limitá-los desde o início, mas só o fazem quando estão cansados, quando não agüentam mais. Desta formas, estimulam a criação de um círculo vicioso, em que a criança, percebendo sua força, passa a repetir o mesmo comportamento em outras ocasiões .

. Diante do enfoque do filho, como é que se pode querer que ele entenda essas mudanças Porque antes ele podia e agora não pode Fica difícil compreender e, portanto aceitar.O grande problema consiste no fato dos pais não saberem mais se é ou não correto deixar ou não deixar, fixar ou não padrões e regras de comportamento. Freqüentemente quando chegam a fazê-lo, o que fazem em momento de descontrole, não sendo este o momento e a situação adequada.

Já no momento seguinte, voltam a ceder às pressões dos filhos, porque não estão certos da atitude tomada anteriormente.

Na verdade, a impressão que se tem é que os pais se obrigam a um comportamento no qual não acreditam verdadeiramente, mas que se impõe, porque lhes parece ser a forma atualmente correta de educar.Muitos pais perderam tanto espaço na relação com os filhos, devido à falta de coragem de dizer a estes, sem sentir culpas depois, que eles também têm seus direitos e que estes devem ser respeitados, para que não haja anulação dos pais como indivíduos.

O medo impede os pais de agir de forma espontânea. Eles próprios não conseguem ter consciência de até onde agem porque assim desejam ou por temerem anular o potencial dos filhos. Temem sempre, no íntimo, que estejam errando, frustrando os filhos.

Não menosprezemos nossos filhos. Sejamos firmes, mas não indelicados, seguros, não agressivos. Apenas isso.

Espera-se que os pais, adultos, tenham suficiente equilíbrio e bom senso para perceber a hora certa de uma negativa e mostrar claramente os limites.

Sentir limites é para a criança uma questão de segurança, uma necessidade básica, mostrando que alguém se preocupa com ela e a protege.

Somente com direitos e deveres de ambas as partes é que se poderá construir uma relação equilibrada, saudável e democrática.


Texto extraído e adaptado do livro

Sem padecer no paraíso de Tânia Zagury.

COM OS PÉS NO CHÃO E OUTRO NAS ESTRELAS O PROFESSOR PODE LEVAR SEUS ALUNOS A TODOS OS LUGARES!!










Tempo
Tenha sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos...
Mas o que é importante não muda... a tua força e convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida. Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.
Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo. Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo. Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desista.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.
Faça com que, em vez de pena, tenham respeito por você.
Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
Mas nunca, nunca se detenha!!!
AUTOR DESCONHECIDO

AQUARELA

“A música na educação envolve todas as áreas do conhecimento. Por isso é utilizada de forma contextualizada, no ensino em classes de alfabetização e letramento, facilitando o processo ensino - aprendizagem. Ensinar é apreciar o valor de uma peça musical, despertando na criança o gosto pela música, aquisição de novos conhecimentos, concentração, autonomia, criticidade, sendo um importante instrumento didático no processo de alfabetização e letramento”.Sonia Kramer
Nesse contexto a música Aquarela de Toquinho traz imensas possibilidades para o trabalho pedagógico, podendo ser trabalhada de forma interdisciplinar nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
AquarelaToquinhoComposição: Toquinho / Vinicius de Moraes /G.Morra / M.Fabrizio


Numa folha qualquer

Eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno

Da mão e me dou uma luva

E se faço chover

Com dois riscos

Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta

Cai num pedacinhoAzul do papel

Num instante imagino

Uma linda gaivota

A voar no céu...

Vai voando

Contornando a imensa

Curva Norte e Sul

Vou com elaViajando Havaí

Pequim ou Istambul

Pinto um barco a vela

Branco navegando

É tanto céu e mar

Num beijo azul...

Entre as nuvens

Vem surgindo um lindo

Avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo

Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está

Partindo, sereno e lindo

Se a gente quiser

Ele vai pousar...

Numa folha qualquer

Eu desenho um navio

De partida

Com alguns bons amigos

Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra

Eu consigo passar num segundo

Giro um simples compasso

E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha

E caminhando chega no muro

E ali logo em frente

A esperar pela gente

O futuro está...

E o futuro é uma astronave

Que tentamos pilotar

Não tem tempo, nem piedade

Nem tem hora de chegar

Sem pedir licença

Muda a nossa vida

E depois convida

A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe

Conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe

Bem ao certo onde vai dar

Vamos todos

Numa linda passarela

De uma aquarela

Que um dia enfim

Descolorirá...

Numa folha qualquer

Eu desenho um sol amarelo(Que descolorirá!)

E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo(Que descolorirá!)

Giro um simples compasso

Num círculo eu faço

O mundo(Que descolorirá!)...

A ESTRELA
Estava Deus, a caminhar, sossegadamente , pelo universo...Contemplava sua criação, e, aproveitando o passeio, verificava se tudo estava correndo bem.Certo ponto de sua caminhada, deparou-se com uma de suas estrelas, num choro compulsivo...Com certa tristeza, aproximou-se e perguntou docemente:- Por que choras, minha filha?A pobre estrela, aos prantos, mal conseguia falar :- Sabe, meu Pai... Estou triste...Não consigo achar uma razão para a minha existência...O sol, com toda a sua magnitude, fornece calor, luz e energia às pessoas... As estrelas cadentes, incentivam paixões e sonhos...Os cometas, geram dúvidas e mistérios... E eu, aqui... parada...Deus ouviu tudo atentamente...com doçura e paciência, decidiu explicar à estrela os porquês, porém, foi interrompido por uma voz, que vinha de longe...Era uma criança, que caminhava com sua mãe, em um dos planetas da região...A criança dizia à sua mãe:- Veja mamãe! O dia já vai nascer!A mãe ficou meio confusa...como podia, uma criança, que mal sabia as horas, saber que o sol já nasceria, mesmo estando tão escuro?- Como você sabe disso, meu filho?- Veja aquela estrela!Papai me disse que ela anuncia o novo dia.
Ela sempre aparece pouco antes do sol, e aponta o lugar de onde o sol vai sair...Ouvindo aquilo, a estrela pôs-se a chorar...Deus, calmamente lhe falou :- Podes ver? Sabes agora, o motivo de tua existência?Tudo o que criei, fiz por alguma razão ser.És a estrela que anuncia o novo dia.E com o novo dia, renovam-se as esperanças, os sonhos...E serves para orientar os homens, para onde caminhar.Ao te ver, sabem que não estão perdidos, pois sabem qual o seu destino.A estrela ouviu tudo atentamente...Sentiu uma alegria celestial invadindo sua vida...A partir de então, ela brilhou cada vez mais, pois sabia que era importante e indispensável ao ciclo da vida.Todos nós temos uma razão para estarmos aqui...Mesmo se não soubermos qual é exatamente esta razão, devemos viver a vida intensamente, semeando amor e espalhando alegrias...Só assim, a estrela que habita em nossos corações brilhará mais forte
, iluminando a todos que estão à nossa volta.Fazendo isso, estaremos iluminando nossas próprias vidas.
Geremias Estevão



FESTA JUNINA

No Brasil, recebeu o nome de junina (chamada inicialmente de joanina, de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais se oriundam as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras.A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha.O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamento para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiás acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.A festa junina no Brasil foi trazida de Portugal. Era uma forma de comemorar a chegada do verão após um longo inverno de infertilidade da terra. No Brasil, como é um país tropical, tal tradição não se encaixou, seja por não existir um inverno tão severo ou pelo fato de que o verão não se inicia em junho.LocaisAtualmente, os festejos ocorridos em cidades pólos do Norte e Nordeste dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo, Caruaru em Pernambuco; Campina Grande na Paraíba; Mossoró no Rio Grande do Norte; Maceió em Alagoas; Aracaju em Sergipe; Juazeiro do Norte no Ceará; e Cametá no Pará. Além disso, também existem nas pequenas cidades, festas mais tradicionais como Cruz das Almas, Ibicuí, Jequié e Euclides da Cunha na Bahia. As duas primeiras cidades disputam o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru esteja consolidada no Guinness Book, categoria festa country (regional) ao ar livre. Além disso, Juazeiro do Norte no Ceará e Mossoró no Rio Grande do Norte disputam o terceiro lugar de maior são joão do mundo.

COSTUMES

As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas do Brasil caipira, ou seja, nos estados de São Paulo, Paraná (norte), Minas Gerais (sobretudo na parte sul) e Goiás.No Nordeste brasileiro se comemora, com pequenas ou grandes festas que reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e muito forró. É comum os partcipantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de xita e chapéu de palha.No interior de São Paulo ainda se mantêm a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras.Em Portugal há arraiais com foguetes, assam-se sardinhas e oferecem-se manjericos, as marchas populares desfilam pelas ruas e avenidas, dão-se com martelinhos de plastico e alho porro nas cabeças das pessoas principalmente nas crianças e quando os rapazes se querem meter com as raparigas solteiras.Simpatias, sortes e adivinhas para Santo AntônioO relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:Confessei-me a Santo Antônio,confessei que estava amando.Ele deu-me por penitênciaque fosse continuando.Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. E elas pedem:Meu Santo AntônioPara arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.Em Lisboa, é tradicional a cerimónia de casamento múltiplo do dia de Santo António, em que chegam a casar-se 200-300 casais ao mesmo tempo.

QUADRILHA

A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina , surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:-"Quadrilha Caipira" (São Paulo)-"Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)-"Baile Sifilítico" (Bahia)-"Mana-Chica" (Rio de Janeiro)-"Quadrilha" (Sergipe)-"Quadrilha Matuta"Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão (acordeom), pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste(indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João européias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.Outras danças e cançõesNo Nordeste brasileiro, o forró assim como ritmos aparentados tais que o baião,o xote,o reizado,o samba-de-coco e as cantigas são danças e canções típicas das festas juninas.e algumas vezes musicas antigas de autores famosos.



BALÕES

O uso de balões e fogos de artifício durante São João no Brasil está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste e em outras partes do Brasil. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista.
Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei devido ao risco de incêndio. Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança.
Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas. Algumas delas são:
Traque
Chilene
Cordão
capeção-de-negro
Cartucho
Treme-Terra
Rojão
Buscapé
Cobrinha
Espadas-de-fogo


FOGUEIRA

De origem européia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de "Midsummer" (24 de Junho) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as festas de São João européias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França). Estas celebrações estão ligadas às fogueiras da Páscoa e às fogueiras de Natal.Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

MÚSICAS PARA AS FESTAS JUNINAS


CAI, CAI, BALÃO
Cai, cai, balão.Cai, cai, balão.
Aqui na minha mão.
Não vou lá, não vou lá, não vou lá.
Tenho medo de apanhar.

PULA FOGUEIRA
autor: João B. Filho
Pula a fogueira Iaiá, pula a fogueira Ioiô.
Cuidado para não se queimar.
Olha que a fogueira já queimou o meu amor.
Nesta noite de festançatodos caem na dançaalegrando o coração.
Foguetes, cantos e troca na cidade e na roçaem louvor a São João.
Nesta noite de folguedotodos brincam sem medoa soltar seu pistolão.
Morena flor do sertão, quero saber se tu és dona do meu coração.

SONHO DE PAPEL
SONHO DE PAPELautor: Carlos Braga e Alberto Ribeiro
O balão vai subindo, vem caindo a garoa.
O céu é tão lindo e a noite é tão boa
.São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração.
Sonho de papel a girar na escuridãosoltei em seu louvor no sonho multicor.
Oh! Meu São João.
Meu balão azul foi subindo devagar
O vento que soprou meu sonho carregou.
Nem vai mais voltar.

BALÃOZINHO

Venha cá, meu balãozinho.
Diga aonde você vai.
Vou subindo, vou pra longe, vou pra casa dos meus pais.
Ah, ah, ah, mas que bobagem.
Nunca vi balão ter pai.
Fique quieto neste canto, e daí você não sai.
Toda mata pega fogo.
Passarinhos vão morrer.
Se cair em nossas matas, o que pode acontecer.
Já estou arrependido.
Quanto mal faz um balão.
Ficarei bem quietinho, amarrado num cordão.

PEDRO, ANTÔNIO E JOÃO

PEDRO, ANTÔNIO E JOÃOautor: Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago
Com a filha de JoãoAntônio ia se casar,mas Pedro fugiu com a noivana hora de ir pro altar.
A fogueira está queimando,o balão está subindo,Antônio estava chorando e Pedro estava fugindo.
E no fim dessa história,ao apagar-se a fogueira,João consolava Antônio,que caiu na bebedeira.

CAPELINHA DE MELÃO


autor: João de Barros e Adalberto Ribeiro
Capelinha de melãoé de São João.
É de cravo, é de rosa, é de manjericão.
São João está dormindo,não me ouve não.
Acordai, acordai, acordai, João.
Atirei rosas pelo caminho.
A ventania veio e levou.
Tu me fizeste com seus espinhos uma coroa de flor.

FESTAS JUNINAS


Mes de Junho, friozinho, logo nos faz lembrar das Festas Juninas que iamos quando criança. Eram quermesses animadissima, nas escolas, nos clubes, e até na rua de casa a turma se reunia para fazer uma festança com todos os vizinhos juntos. Felizmente este costume popular ainda existe nos dias de hoje, e não são só comuns no Brasil, também há em outros paises. A primeira coisa que me vem a cabeça, quando pensamos em Festa Junina, são as comidas típicas deliciosas, depois as brincadeiras, e as danças tradicionais da época. Muitas dicas para a sua festança, comidas, simpatias, santos, etc.
Visite:
http://www.abril.com.br/festa_junina/
Vida !
Já fiz coisas por impulso,já abracei pra proteger,já dei risada quando nao podia,já fiz amigos eternos,já amei e fui amada,já vivi de amor e fiz juras eternas,mas "quebrei a cara" muitas vezes!Não passo pela vida...Bom mesmo é ir a luta com determinação,abraçar a vida e vencer com ousadia,porque o mundo pertence a quem se atreve e A Vida é muitopara ser "insignificante"!
CHAPLIN

ALMA DE MULHER

“ Nada mais contraditório do que ser mulher...
mulher que pensa com o caração,
age pela emoção e vence pelo amor

Que vive milhões de emoções num só dia e transmite cada uma delas, num único olhar.

Que cobra de si a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros,
Daqueles que ama.

Que hospeda no ventre outras almas, dá a luz a depois fica cega, diante da
Beleza dos filhos que gerou.

Que dá asas, ensina a voar, mas não quer ver partir os pássaros, mesmo
Sabendo que eles não lhe pertencem.

Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba mais
Tais detalhes.
Que como uma feiticeira transforma em luz e sorriso as dores que sente na
Alma,só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros para quem neles precise chorar.

Feliz do homem que por um dia souber entender a alma da mulher...”
Autor desconhecido
ALGUMAS SUGESTÕES PARA EDUCAÇÃO INFANTIL!!!




ADAPTAÇÃO

CHAMADA COM FOTO

Tempo
30 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Idade
A partir de 1 ano e meio.

Material
Cartolina ou papel-cartão, foto individual das crianças, caneta hidrográfica fina e plástico de fichário.

Objetivo
Conhecer o colega.

Preparação
Em pedaços de cartolina ou papel-cartão, escreva o nome de cada criança em letra bastão maiúscula e cole uma foto dela.

Descrição
Coloque todos os cartões sobre uma mesa ou no chão, com a foto e o nome virados para baixo. Uma criança por vez pega um cartão e entrega ao colega que aparece na foto. O professor diz então o nome da criança “descoberta” para estimular o reconhecimento dela pelo grupo. Outro modo de realizar a atividade é deixar os cartões espalhados sobre a mesa com a foto para cima. Peça para cada um pegar o seu cartão e colar no painel da chamada, uma espécie de sapateira com bolsos transparentes, que pode ser feito sobre uma base de papel-cartão. Varie essa atividade colocando a foto da criança com o animal de estimação, alguém da família, o brinquedo preferido etc. Como se trata de uma chamada, é possível repetir essa atividade diariamente, quando todas as crianças estiverem presentes, durante os primeiros meses do ano. Retome-a se um novo membro entrar no grupo.

CADÊ? ACHOU!

Tempo
Enquanto durar o interesse da turma.

Espaço
Sala de aula.

Idade
A partir de 1 ano e meio.

Material
Bambolê com faixas de tules de diversas cores (o comprimento das faixas deve ser o mesmo da altura do pé direito da sala).

Objetivo
Ajudar a criança a elaborar a ausência temporária da família.

Descrição
Pendure firmemente o bambolê no teto da sala de modo que as faixas cheguem ao chão. As crianças vão brincar de esconder atrás delas e entre elas, segurá-las para cobrir parte do corpo e esconder os colegas. Com isso, vão descobrindo que a ausência do outro é temporária e que eles sempre reaparecem.


AGRESSIVIDADE

MASSAGEM COM BEXIGA

Tempo
10 minutos com cada criança.

Espaço
Sala de aula com colchonetes, berço ou trocador.

Idade
De 1 mês a 2 anos.

Material
Bexigas ou esponja macia e água.

Objetivos
Acalmar; desenvolver a consciência corporal; promover um sono tranqüilo; e estimular o vínculo afetivo entre educador e criança.

Descrição
Coloque um pouco de água em temperatura ambiente dentro de uma bexiga (não encher muito para não ficar pesada). Se o clima ajudar, deixe o bebê somente com a fralda em um local tranqüilo, com luz difusa e música suave. Passe a bexiga ou a esponja delicadamente pelo corpo dele, fazendo uma massagem suave com movimentos circulares.

PERCEPÇÃO CORPORAL

Tempo
De 15 a 30 minutos.

Espaço
Sala ampla ou jardim.

Idade
A partir de 1 ano.

Material
Colchonetes ou tapetes de vinil para colocar sobre o chão ou o gramado.

Objetivos
Relaxar; estimular o sentido do tato e o autoconhecimento corporal; e descobrir o prazer no movimento.

Descrição
Estimule as crianças a deitar em diferentes posições para perceber partes do corpo. Faça perguntas como: o que está encostando no chão? Quem está sentindo a perna? Quem está com o braço todo apoiado?

FAZ-DE-CONTA

Tempo
1 hora.

Espaço
Sala de aula ou área aberta.

Idade
A partir de 2 anos.

Material
Fantasias diversas, roupas do cotidiano de crianças e adultos, panos e retalhos de diversos tamanhos, chapéus, perucas, adereços, fantoches, blocos de espuma e almofadas.

Objetivos
Canalizar a agressividade natural para a experiência lúdica.

Descrição
Estimule a brincadeira com figuras como um lobo ou um monstro. No faz-de-conta, a criança enfrenta aquilo que gera medo – sentimento muito ligado à agressividade. Os outros materiais podem ser usados para fazer cabanas ou muros para se proteger. Entre na brincadeira sempre que sentir a necessidade de interferir, como no momento em que perceber algum conflito. As crianças devem expressar o medo e a agressividade, sem se machucar ou bater no outro.


ARTES VISUAIS

BRINCADEIRA DE MASSINHA

Tempo
De 10 a 20 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Idade
De 1 a 3 anos.

Material
Farinha, água, anilina comestível, copos e forminhas com desenhos variados.

Objetivos
Experimentar as transformações e a plasticidade do material, observar diferenças de cores e texturas.

Preparação
Faça a massinha em sala de aula, com a participação das crianças, misturando todos os ingredientes em uma tigela. Elas podem colocar a anilina, observando a mistura da cor na massa branca. Amasse bem até que fique boa para modelar. Conserve-a em um saco plástico para reutilizar outras vezes.

Descrição
Estimule as crianças a manipular a massa livremente, com ou sem o auxílio das fôrmas.

UM NOVO JEITO DE OLHAR

Tempo
De 10 a 20 minutos por dia, numa seqüência de vários dias.

Espaço
Sala de aula.

Idade
De 1 a 3 anos.

Material
Folhas grandes de papel kraft, giz de cera grande ou lápis de cor grosso.

Objetivos
Desenhar em diferentes ângulos e posições corporais, desenvolver a coordenação motora (dependendo da posição do papel, a criança terá de se deitar, inclinar, ficar de pé etc.), estimular a espontaneidade e a criatividade.

Descrição
A cada dia, prenda a folha de papel em um local e uma posição diferentes: sobre a mesa, na horizontal; na parede, na vertical; sobre uma rampa inclinada; embaixo da mesa, obrigando as crianças a se arrastarem para desenhar. O papel deve ser grande e colocado em local de fácil movimentação para permitir a participação coletiva.

ATELIÊ DE ARGILA

Tempo
De 20 a 25 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Idade
Entre 2 e 3 anos.

Material
Argila, tigelas, palitinhos de sorvete, água e papéis diversos.

Objetivos
Conhecimento sensorial, percepção do próprio corpo, observação da transformação dos materiais, estímulo do tato e do olhar.

Descrição
Distribua diferentes tigelas entre as crianças. Enquanto isso, você pode contar uma história, falando de onde veio essa argila, lembrando da terra molhada, criando um cenário com rio, peixes, jacarés... Dê um pouco de argila para cada uma e ponha um pouco de água nas tigelas. Mostre como a argila molhada vai ficando mais lisa e escorregadia enquanto a água da tigela vai se tingindo e virando lama. Pegue o palitinho e dissolva completamente a argila na água, observando que ela fica semelhante a uma tinta. Estimule as crianças a passar essa tinta no papel, na mesa e no próprio corpo, formando desenhos.


IDENTIDADE

ESCONDEU, ACHOU

Tempo
40 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Idade
De 1 a 3 anos.

Material
Panos coloridos e um espelho.

Objetivo
Trabalhar a memória, a antecipação, a percepção visual e a auditiva, princípios de distinção entre o “eu” e o “não eu”.

Descrição
Para realizar esta atividade, coloque as crianças em um espaço aconchegante (sobre colchonetes, por exemplo). Conduza a brincadeira de mostrar o rosto e encobri-lo com um pano. Depois de explorar bastante o esconde-esconde, entregue para os bebês os outros panos coloridos para que eles imitem a sua ação, estimulando-os com palavras. Uma variação desta atividade é colocar as crianças em frente ao espelho para que brinquem com a própria imagem. Esta proposta é importante nos primeiros anos de vida por estar relacionada à percepção do “eu”. Em frente ao espelho, a criança começa a reconhecer sua imagem e sua características físicas.



INTERAÇÃO

BRINCADEIRA COM MASSINHA

Tempo
30 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Idade
A partir de 1 ano.

Material
Massinha, feita com 1 xícara de farinha de trigo; 1/2 xícara de sal;1 colher (sobremesa) de óleo; 1 colher (sobremesa) de anilina de bolo e 1/2 xícara de água.

Objetivo
Favorecer a interação com o material e com o colega.

Preparação
Faça a massinha misturando todos os ingredientes em uma tigela. Amasse bem até que fique boa para modelar. Conserve-a em um saco plástico para reutilizar outras vezes.

Descrição
Divida a turma em grupos. Distribua as massinhas para que todos manipulem livremente, em mesas ou no chão. Observe se as crianças imitam a ação umas das outras. Em um segundo momento, sugira novas formas de manuseio e estimule a observação dos colegas, principalmente quando alguém criar uma nova maneira de usar o material. Você pode dizer, por exemplo: "Olha como o Henrique está apertando... A Sofia está fazendo uma cobrinha... vamos fazer também?".


PRÉ-ESCOLA

ADAPTAÇÃO

LEITURA DE HISTÓRIAS

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Cerca de uma hora.

Espaço
Biblioteca ou canto de leitura.

Material
Tapete e/ou almofadas e/ou tecido, livros com histórias que tenham relação com os sentimentos das crianças durante o período de adaptação.

Objetivos
Falar dos próprios sentimentos.

Preparação
Se a sua escola não tem uma biblioteca ou um canto de leitura, monte você mesmo o espaço em sua sala de aula. Providencie um tapete e almofadas para espalhar pelo chão e um pequeno acervo de livros.

Descrição
Reúna as crianças e leia histórias previamente escolhidas, de acordo com seu objetivo. Para falar de abandono, por exemplo, você pode contar João e Maria. Depois, se perceber que as crianças estão dispostas a falar, incentive-as a exprimir seus sentimentos.

FAZ-DE-CONTA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De uma a duas horas.

Espaço
Brinquedoteca ou sala de aula.

Material
Kits com objetos que alimentem o jogo simbólico. Exemplos de kits: carrinho de supermercado infantil com embalagens de alimentos ou produtos de higiene pessoal e limpeza, todos limpos; fantasias; maleta com ferramentas que imitem as utilizadas em oficinas mecânicas; caixa com utensílios de cozinha; bolsa com escovas e pentes de cabelo, potes de creme e xampu.

Objetivos
Brincar com os colegas e expressar os sentimentos quanto ao processo de adaptação por meio de diferentes papéis.

Descrição
Coloque os kits espalhados em diferentes pontos da sala. Deixe as crianças explorarem os kits, escolhendo livremente os papéis que pretendem desempenhar e os colegas com quem desejam brincar. Acompanhe atentamente o enredo das histórias criadas durante a brincadeira. Você pode perceber se elas expressam sentimentos relacionados ao período de adaptação e ajudá-las posteriormente, ao planejar outras atividades.

CANTINHOS DE BRINCADEIRA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De 1 a 2 horas.

Espaço
Sala de aula.

Material
Indicado depois de conversa com os pais.

Objetivo
Adquirir segurança por meio da vivência do que já é conhecido.

Descrição
Pergunte aos pais das crianças quais são as brincadeiras de que elas mais gostam. Depois desse levantamento, agrupe as atividades que mais se assemelham às mencionadas em cantos distintos espalhados pela sala. Exemplo: num espaço, você pode colocar mesinhas com papéis e lápis para desenhar, deixando que se reúnam lá as crianças que gostam desse tipo de atividade. Em outro canto, agrupe carrinhos de brinquedo; no meio da sala, ponha bonecas. As crianças procurarão as atividades a que estão acostumadas em casa, sentindo-se seguras. Pode-se também, simultaneamente, apresentar uma nova atividade num outro lugar da sala.


ARTES VISUAIS

DESENHO EM ESCALA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De 15 a 30 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Material
Papéis, lápis preto, borracha, lápis de cor.

Objetivos
Refletir sobre a própria produção artística, organizando pontos, linhas e traçados no papel; e desenvolver visão espacial e noções de proporção.

Descrição
Peça às crianças que cada uma faça um desenho. O tema é livre. Com as produções prontas, proponha que copiem seus próprios desenhos em escala maior ou menor. Para isso, ensine a elas como ampliar ou reduzir utilizando um papel quadriculado.

ARTE DA OBSERVAÇÃO

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De 15 a 30 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Material
Diferentes tipos de papéis, canetas ou tintas, reproduções de obras de artistas.

Objetivos
Desenvolver a percepção e a capacidade de representação de figuras, estimular a imaginação, a memória e a criatividade.

Descrição
Convide as crianças a criar uma obra de arte com base em um modelo. Pode ser a cena de um filme, uma paisagem, um objeto presente em sala de aula ou, mesmo, detalhes do próprio corpo, como o formato dos pés e das mãos, por exemplo. Destaque o fato de que a representação artística é diferente de uma foto; mostre exemplos de temas retratados de formas e em estilos bastante diferentes por vários artistas. Depois, exponha os trabalhos da turma num varal ou numa parede da sala de aula e converse com o grupo sobre o resultado final, destacando (e valorizando) as diferenças nas várias formas de ver e representar a realidade.


AUTONOMIA

PÁTIO ARRUMADINHO

Idade
5 anos.

Tempo
30 minutos, duas vezes por semana, durante o ano todo.

Espaço
Sala de aula e pátio.

Material
Sacos de lixo, cestas e caixas.

Objetivos
Compartilhar a responsabilidade pelos espaços comuns, mover-se com autonomia e preservar o espaço escolar.

Descrição
Convide as crianças a voltar para o pátio depois do recreio. Peça a elas para observarem como ficou o espaço, se há objetos fora do lugar e quais são, se há lixo jogado no chão etc. Volte para a sala e converse com a turma sobre o que foi visto. Discuta com o grupo a possibilidade de criar uma rotina para que o pátio esteja organizado e limpo no final de cada recreio. Proponha às crianças que formem pequenos grupos responsáveis pela manutenção do espaço depois de todos irem embora. Em seguida, a turma recolhe os objetos encontrados e os guarda em uma caixa de achados e perdidos que fica exposta na escola ou passa pelas salas contando o que encontraram e perguntando quem são os donos dos brinquedos perdidos. Nesse momento, eles contam aos colegas das outras salas sobre a preocupação com o espaço externo e aproveitam para compartilhar idéias para mantê-lo organizado e limpo. É importante que este seja um trabalho que se estenda pelo ano todo, pois os valores precisam de tempo para serem interiorizados.

CANTINHOS

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
No mínimo duas horas, duas vezes por semana, o ano todo.

Espaço
Sala de aula.

Material
Caixas de papelão, cola, tesoura, giz, barbante, papel, tinta, pincel, lápis de cor, fantasia, maquiagem, jogos, gibis etc.

Objetivos
Exercer a possibilidade de escolha e tomar decisões; aprender a planejar e refletir sobre as próprias escolhas; e formar critérios de escolha.

Descrição
Organize a sala em espaços com diferentes propostas, como: pintura, leitura, jogos de tabuleiro, faz-de-conta (com fantasias, maquiagem e utensílios), sucatas (com caixas de diferentes tamanhos, barbante, cola, giz, tecido, papéis variados). Converse com as crianças sobre as diferentes propostas organizadas na sala e pergunte a elas o que gostariam de fazer em cada um dos espaços montados. Escute o que elas falam. Você pode sugerir novas idéias ou pedir que outras crianças auxiliem o colega em seu planejamento. A seguir, proponha a elas usar os espaços colocando em prática tudo aquilo que imaginaram. Se achar que necessitam de ajuda para se organizarem nos diferentes espaços, proponha um rodízio ou avise que elas terão a oportunidade de explorar as diferentes oportunidades em outros dias. Deixe as crianças interagirem entre si e com os materiais dispostos. Aproveite para observar a iniciativa de cada uma. Com base em suas observações, faça intervenções individuais ou nos pequenos grupos auxiliando as crianças a colocar em prática seus desejos e idéias ou mesmo ajudando-as a resolverem conflitos. Ao final do tempo previsto, convide todos a se sentar em roda e compartilhar com os colegas aquilo que fizeram, as dificuldades que encontraram, o que descobriram.


CANTOS

CANTO DA TECNOLOGIA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De 15 a 20 minutos por dupla ou trio.

Espaço
Sala de aula.

Material
Computador, softwares variados, impressora e papel.

Objetivos
Aprender a utilizar um computador, desenvolver a autonomia, a cooperação, a solidariedade e a linguagem oral e escrita.

Descrição
Comece apresentando o computador às crianças ou deixando quem já conhece a máquina falar. Ouça o que todos têm a dizer e responda às principais dúvidas do grupo. Em seguida, organize o tempo de uso do micro (por meio de rodízio, listas de usuários etc.). Explique os cuidados necessários para lidar com ele. Nas primeiras vezes, o ideal é organizar grupos pequenos. Como são as crianças que escolhem qual software querem usar, os materiais devem estar sempre à mão. O computador também pode funcionar como um banco de dados, com as informações do dia anterior armazenadas e acessadas pelas crianças com ou sem a sua ajuda. Essas ações facilitam a organização do trabalho do grupo. Os ajudantes do dia podem ser responsáveis por ligar o computador e digitar os lembretes para a próxima aula e a rotina do dia. Se possível, o ideal é imprimir esse material e distribuí-lo para todo o grupo. No fim da atividade, estimule as crianças a contar para os colegas o que aprenderam naquele dia.


DIVERSIDADE

DESFILE DE PENTEADOS

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Duas aulas.

Espaço
Sala de aula, pátio ou jardim.

Material
O livro As Tranças de Bintou (de Sylviane Diouf, Ed. Cosac Naify), pentes, escovas, laços, elásticos, tiaras, gel, água, piranhas, grampos, tinta spray de cabelo etc.

Objetivos
Trabalhar a auto-estima e perceber que há beleza em todos os tipos físicos.

Descrição
O livro As Tranças de Bintou conta a história de uma menina negra que queria crescer para poder usar tranças como suas parentes mais velhas. Leia a história de Bintou para as crianças e aproveite o gancho para propor a idéia do desfile de penteados. Nesta proposta, cada uma escolhe o penteado que tem vontade de fazer. As crianças devem ser estimuladas a trazer os materiais necessários e a comunidade pode ser convidada a participar da atividade ajudando com a mão-de-obra. Um cabeleireiro pode ser um convidado especial, por exemplo. Depois de feitos os penteados, as crianças desfilam exibindo suas produções para a turma.

JOGANDO PETECA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Várias aulas.

Espaço
Sala de aula e pátio.

Material
Jornal, serragem, plástico, fita crepe ou fita adesiva, elástico e penas coloridas.

Objetivos
Desmitificar a imagem estereotipada do índio e perceber quanto da cultura indígena existe no cotidiano brasileiro.

Descrição
Na língua tupi, peteca significa estapear, golpear. A explicação do significado da palavra e a confecção das petecas (veja explicação abaixo) introduzem a aula sobre a cultura indígena brasileira. Enquanto as crianças fazem o brinquedo, você comenta hábitos indígenas incorporados à cultura brasileira. Um índio pode ser o convidado especial, para contar a história de seu povo e curiosidades sobre seus hábitos e costumes. Depois que as petecas estiverem prontas, leve a garotada ao pátio para brincar.

Como fazer a peteca:
A base pode ser uma bola de folhas de jornal amassadas e recheadas com serragem. Para que ela dure mais, encape com plástico. Antes de fechar, coloque algumas penas coloridas. Use elástico, fita adesiva ou fita crepe para amarrar a bola.


LIMITES

UMA TRILHA DIFERENTE

Idade
5 anos.

Tempo
30 minutos (somente para o jogo).

Espaço
Sala de aula ou pátio.

Material
Cartolina ou papel-cartão colorido e canetas hidrográficas de diversas cores (para a confecção do tabuleiro), dado, materiais diversos para a confecção dos pinos personalizados (massinha, EVA, espuma, cartolina, cortiça etc.), tesoura, cola e fita crepe.

Objetivo
Aprender a elaborar e respeitar regras que façam sentido para todos os integrantes do grupo.

Descrição
Apresente um jogo de trilha que sirva de modelo para as crianças. Discuta com elas que regras o novo jogo terá (por exemplo, em que ocasiões se pode pular duas casas, ficar uma vez sem jogar, voltar ao início, jogar o dado novamente etc.), qual o formato e o tamanho da trilha, as cores E a ordem das de casas, entre outros itens. Peça para todos escolherem de que etapa da construção do jogo participarão: recorte de cartolinas, elaboração das letras e números que integrarão cada casa, colagem dos materiais, construção do próprio pino com o material que desejar. Pronta a trilha e o pino de cada um, combina-se o critério para a ordem dos jogadores na partida, com base também nas sugestões da turma (ordem alfabética, valor do dado etc). O jogo inicia com a primeira criança jogando o dado e seguindo pelo tabuleiro com seu pino até a respectiva casa. A criança seguinte faz o mesmo e assim por diante. Quem chegar em primeiro lugar ao fim da trilha vence a partida.


LINGUAGEM ESCRITA

TEXTOS INFORMATIVOS

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Uma vez por semana, durante quatro meses.

Espaço
Sala de aula.

Material
Diversos textos informativos sobre um tema de interesse das crianças, revistas e jornais velhos, cola, tesoura, lápis ou canetas e papéis.

Objetivo
Conhecer e escrever textos informativos; produzir oralmente com finalidade de escrita e comunicar aos colegas de escola e à comunidade informações adquiridas em estudo.

Descrição
Reúna a turma sentada em roda e leia diversos textos informativos sobre um assunto de interesse do grupo. Depois que as crianças já conhecerem várias coisas sobre o tema, serão capazes de selecionar figuras nas revistas e nos jornais velhos para compor o trabalho e de ditar (ou escrever, dependendo do que já sabem sobre a escrita) as informações que acham mais importantes.

NOMES EM JOGO

Idade
5 anos.

Tempo
Diariamente

Espaço
Sala de aula

Material
Caça-palavras e Cruzadinha – folhas de caderno, caneta esferográfica e lápis; Forca – giz e quadro; Memória – Pedaços quadrados de papel-cartão com 6 centímetros de lado, caneta hidrográfica preta, lápis de cor ou fotos 3x4 de cada criança.

Objetivo
Ler e a escrever usando os nomes próprios por meio de jogos.

Descrição
Caça-palavras
Em uma folha de caderno, escreva com letra bastão maiúscula os nomes das crianças na horizontal e na vertical. Não vale colocar na diagonal e nem escrevê-las de trás para frente. Preencha os espaços em branco aleatoriamente com outras letras. Faça uma lista com os nomes que as crianças devem achar. Tire cópias suficientes para todos, distribua e peça para descobrirem os nomes no emaranhado de letras.

Cruzadinha
Calcule quantos espaços serão necessários para escrever o nome de um de seus alunos e desenhe em uma folha de caderno, na horizontal, os quadradinhos correspondentes. Por exemplo: para escrever Pedro, serão necessários cinco quadrados. Pense em outra criança que tenha no nome uma letra igual ao da primeira. Por exemplo, Daniela. Desenhe na vertical, a partir da letra “d” de Pedro, seis quadradinhos. Faça o mesmo com outros nomes. Numere cada seqüência no diagrama e, em uma coluna ao lado, indique os números e os nomes que você quer que as crianças escrevam nos quadrinhos. Vale também dar algumas características dos donos dos nomes conhecidas pelo grupo. Tire cópias e distribua.

Forca
Esse jogo deve ser feito coletivamente. Você pensa no nome de alguém da turma e desenha uma linha pontilhada com um número de traços correspondente ao de letras desse nome. Ao lado, desenha uma forca. As crianças chutam quais letras podem compor o nome. Quando acertam, você põe a letra no lugar. Quando erram, você desenha uma parte do corpo de um boneco pendurado na forca. Quando ele estiver completo, significa que a classe perdeu e você ganhou. Quem adivinhar a palavra primeiro vai para o quadro propor um novo desafio.

Memória
Distribua dois cartões em branco para cada criança e peça que ela escreva o próprio nome em ambos. Se houver integrantes da turma que ainda não sabem escrever, dê um modelo para que copiem. Cada um escreve o próprio nome nos dois cartões e desenha um auto-retrato ou cola a própria foto em um dos cartões. Recolha os cartões, divida a classe em grupos e redistribua o material. Cada grupo deve receber os cartões com seus nomes. As crianças embaralham os cartões virados para baixo e escolhem quem inicia a partida. Cada jogador deve, na sua vez, localizar o par. Ganha quem terminar o jogo com mais pares descobertos.


MOVIMENTO

CIRCUITOS E PERCURSOS

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
De 30 minutos a 1 hora.

Espaço
Sala de aula ou pátio.

Material
Pneus, caixotes, cordas, barbantes, bambolês, bancos, mesas, cadeiras, colchonetes, tocos de madeira, blocos de espuma ou papelão, panos grandes, túneis de pano.

Objetivos
Encontrar soluções corporais para os desafios propostos no percurso ou circuito; experimentar novas formas de deslocamento em espaços diferenciados (alongando-se, abaixando, arrastando, puxando, rolando, segurando, apoiando etc.); . aaaa desenvolver os aspectos motor, social e cognitivo.

Descrição
Você e as crianças organizam os diferentes materiais, montando o percurso em seqüência ou na forma de labirinto. Crie passagens secretas, trechos com larguras e alturas limitadas etc. Terminada a tarefa, as crianças começam a percorrer o percurso construído.


MÚSICA

FINGIR DE ESTÁTUA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Uma aula.

Espaço
Sala de aula, pátio ou jardim.

Material
Um tocador de fitas ou de CDs e fitas ou CDs variados.

Objetivo
Trabalhar o contraste entre som e silêncio.

Descrição
Você fica no controle do aparelho de som. Enquanto a música toca, as crianças devem caminhar ou dançar – pode ser ou não no ritmo da música. Quando a música pára, elas também param imediatamente do jeito que estão e ficam sem se mexer até a música recomeçar.


NATUREZA E SOCIEDADE

A MODA, ONTEM E HOJE

Idade
5 anos.

Tempo
40 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Material
Imagens de diferentes épocas mostrando a indumentária dos brasileiros.

Objetivos
Investigar o assunto moda no Brasil.

Descrição
Peça para as crianças organizarem as imagens por ordem cronológica, começando por aquelas que elas acreditam serem as mais velhas, até chegar as atuais. Observe o que elas conversam enquanto manuseiam as ilustrações. Pergunte por que acham que há diferenças de estilo no decorrer do tempo. A conversa pode chegar a questionamentos como: quem inventa formas de se vestir? De onde vêm as idéias para as roupas, estampas e adornos? Se a moda é uma forma de nos apresentarmos para o mundo, pergunte se podemos dizer que ela sempre existiu.

VIAGEM NO TEMPO

Idade
5 anos.

Tempo
50 minutos.

Espaço
Sala de aula.

Material
Livros e revistas com imagens da moda brasileira; cópias ampliadas e em preto e branco de fotos 3x4 das crianças; molde de boneco de papelão; papéis, tesouras, canetas hidrográficas de diversas cores, lápis colorido e giz de cera; sacos plásticos ou caixas de sapatos.

Objetivo
Utilizar o desenho de observação no contexto das pesquisas.

Descrição
Cada criança faz um molde de boneco, recortando o papelão e cola a cópia de sua foto 3x4 no rosto do boneco. Depois, cria diversas roupas de papel para ele, tendo como referência os estilos de vestuários pesquisados nas atividades anteriores. Levar o que a turma produziu para fora de sala é uma forma de circular o conhecimento.

ENTREVISTAS SOBRE MODA

Idade
5 anos.

Tempo
50 minutos a duas horas.

Espaço
Sala de aula e locais relacionados à moda, tais como brechós, ateliês, editoras, fábricas de tecidos, estamparias e bibliotecas especializadas no assunto.

Material
Gravador, fita cassete, pranchetas, lápis e papel (para anotação), máquina fotográfica ou câmera de vídeo.

Objetivos
Ampliar a noção de moda.

Descrição
Prepare com as crianças um roteiro do que querem saber. Escolha alguns lugares para visitar onde a turma poderá responder às questões levantadas. Conte um pouco sobre cada entrevistado e o lugar que será visitado. Reserve gravadores ou câmeras de vídeo para registrar o trabalho, que poderá ser revisto. Durante a conversa com os profissionais, ajude as crianças a seguir o roteiro feito e a aproveitar ao máximo as contribuições dos entrevistados. Após a visita, é interessante que a turma produza algum tipo de registro próprio. Os novos conhecimentos podem ser anotados em painéis informativos expostos em local acessível a toda a comunidade escolar.


SEXUALIDADE

BRINCADEIRA A CASA

Idade
A partir de 4 anos.

Tempo
Uma aula.

Espaço
Sala de aula.

Material
A música A Casa, de Vinicius de Moraes.

Objetivo
Levar você a detectar indícios de que alguma criança esteja presenciando cenas fortes ou sofrendo abuso ou violência sexual.

Apresente a música de Vinicius de Moraes à turma, estimulando a garotada a cantar e discutir a letra (“Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto não tinha nada / Ninguém podia entrar nela não / Porque na casa não tinha chão / Ninguém podia dormir na rede / Porque na casa não tinha parede / Ninguém podia fazer xixi / Porque pinico não tinha ali / Mas era feita com muito esmero / Na rua dos bobos, número zero”). Peça às crianças para contar como é a casa delas e perceba se elas contam que presenciam cenas de carícia íntima. Se for o caso, compartilhe com o coordenador pedagógico de sua escola para que os pais sejam chamados e orientados.


JOGOS E BRINCADEIRAS (catia)

1. ESTRADA DA VIDA: em duplas, um dos componentes tem os olhos vendados e o outro é o guia que conduz o outro por diversos espaços, após inverte-se os papéis.
Objetivos: entrosamento partilha, socialização, integração...

2. SACO SURPRESA: cada pessoa escreve uma pergunta num pedaço de papel e coloca no saco. Depois passa o saco e cada um, ou grupo pega uma pergunta que é lida e respondida.

3. SACO DOS OBJETIVOS: são colocados objetivos dentro do saco e cada uns tem que incorporar estes a uma história termina quando todos contarem uma parte da história (sentido horário).

Objetivos: criatividade, improvisação, atenção socialização, percepção.

4. ESPELHO MÁGICO: consiste em duas rodas uma dentro da outra, a pessoa de fora deve fazer os gestos e a de dentro deve imitar os gestos deve-se trocar o par quando parar a música.
Objetivos: criatividade, imaginação coordenação motora ampla, esquema corporal atenção, ritmo...

5. TEATRO MUDO: dois grupos cada grupo vai dramatizar uma história ,utilizar os sons do corpo ,sem fala, dramatizar usando mímica.
Objetivos: criatividade, controle da ansiedade,, trabalho em grupo, expressão corporal, improvisação organização concentração, atenção...

6. BRINCADEIRA DOS RÓTULOS: colocar rótulos com adesivos na testa dos componentes, cada membro deverá passar pelos colegas e agir conforme o escrito.
Ex. sou surdo. Grite!
Sou engraçado: ria!
Sou o líder: siga-me
Sou desinteressado: deixe-me num canto
Sou prepotente: tenha medo
Sou sábio: admire-me
Sou triste: chore
Objetivos: trabalha as diferenças, a curiosidade, desinibição, interpretação.

7. GARRAFA TEMÁTICA: em círculo gira-se a garrafa e onde ela parar a pessoa diz o que mais gosta, ou o tema dado pelo professor.

8. MENSAGEM AO MAR: coloca-se pedaços de papel com um nome de animal,cor,lugar,fruta, que parece com você ou que você goste, dobre e coloque dentro de uma garrafa, cada pessoa deve pegar um e tentar adivinhar de quem é as características.

Objetivo: integração, socialização, atenção.
9. BARATA ASSUSTADA: com uma bola pequena, uma lista de prendas, apito, passa-se a bola num sentido quando soar um apito muda o sentido, quando soar dois apitos, troca-se de novo, quem errar paga prenda.
Objetivo: atenção, desinibição, descontração, integração, socialização.

10. BRINCADEIRA COM NOMES: cada criança deve apresentar o seu nome de 5 maneiras diferentes. Formação: círculo e em pé
Objetivos: construção de espaços, memorização de nomes, socialização.

11. FORMAÇÃO DE DESENHOS: distribui pelo chão, folhas de oficio, e giz aleatoriamente, deixando espaço, fazer desenho sem terminar, e ir trocando até completar o desenho.
Objetivos: criatividade, continuidade, ritmo, expressão, motricidade, responsabilidade, egocentrismo.

12. BARCO NA TEMPESTADE: conta-se a história de um barco no mar calmo, agitado, etc. um apito: o barco vai para a esquerda, dois apitos o barco vai para direita, na tempestade troca de lugar. Formação: em roda sempre balançando
Objetivos: lateralidade, percepção auditiva, descentração, mudança de perspectiva.

13. A RODA DO ALFABETO OU DAS VOGAIS ETC: sentados em roda, passar a bola falando a alfabeto, o animador deve dar um sinal e onde parar a pessoa deve falar uma palavra que inicie com a letra ou frutas, animais cores, profissões.
Objetivos: trabalha a coordenação, lateralidade, memória, conhecimento das letras, concentração.

14. ESCULTURA HUMANA: formar filas, o último de cada fila deve fazer uma escultura no colega da frente e assim sucessivamente, o colega da frente passa para trás e passa a comandar a escultura.
Objetivos: trabalha a coordenação motora, sensibilidade, tato, criatividade, atenção, esquema corporal, socialização.

PROFESSORA NAILA CANTANDO COM A TURMA DO PRÉ-A











A Capoeira como possibilidade de Aprendizagem Significativa:
elementos para uma vinculação entre as idéias de C. Rogers e uma prática educativa
* genuinamente brasileira.



Léo Barbosa Nepomuceno
[1]
leobnepomuceno@hotmail.com




Capoeira

Jogo da vida,
do prazer.
É malandragem,
é saber.

Olhe a queixada, o aú e o rolê.

Jogo do risco,
da coragem de viver.
É festa da arte,
Criatividade minha e sua.

Olhe a armada, o mortal e a meia-lua.

Jogo do movimento,
da expressão orgânica.
É luta, brincadeira,
é interação.

Olhe a mandinga, a rasteira e a benção.

É cultura, é diversão.
É liberdade, é redenção.
É sentimento e emoção.
Iê, capoeira.
Saudação.
(Do autor)

Procuramos, neste texto, demonstrar como a Capoeira pode proporcionar aos seus participantes inúmeras situações de aprendizagem, constituindo-se como uma prática educativa. Como embasamento teórico para essa discussão, faremos referência a Carl R. Rogers (1902-1987), importante psicólogo americano, que desenvolveu, como uma extensão de sua teoria psicológica (Abordagem Centrada na Pessoa), importantes idéias sobre aprendizagem e educação. Tentaremos mostrar como alguns aspectos do pensamento de Rogers sobre educação podem ser ilustrados com situações de aprendizagem vivenciadas na Capoeira, como essas situações podem se encaixar no que Rogers (1978) chama de aprendizagem significativa. Através da utilização de conceitos e idéias deste autor, falaremos de algumas particularidades da Capoeira, de momentos e vivências, dos quais seus praticantes usufruem, que são extremamente ricos em termos de exploração do potencial de crescimento inerente ao ser humano.
Deter-nos-emos, principalmente, nos argumentos que caracterizam, segundo Rogers, o tipo mais completo, eficaz e eficiente de aprendizagem (dita significativa), e usaremos a Capoeira como forma de ilustração. Melhor dizendo, tentaremos mostrar que, em determinadas situações e com determinadas pessoas, a Capoeira pode ser fonte fecunda de situações de aprendizagem bastante significativas e marcantes. É nosso intuito, neste texto, sobretudo, enfatizar como a Capoeira é extraordinária, sendo uma manifestação cultural genuinamente brasileira, que deve ser reconhecida em toda sua magnitude, deve ser valorizada, respeitada e estudada em todos seus aspectos, tanto educativos, terapêuticos, lúdicos, sócio-culturais e etc.

Capoeira ilustrando a aprendizagem significativa

Rogers fala que deve haver uma vinculação entre o que o aluno está estudando ou procurando aprender e sua realidade prática, ele deve perceber que o que está aprendendo tem um sentido e uma função na sua vida, deve perceber que aquele aprendizado lhe proporciona um crescimento e desenvolvimento notável e perceptível no seu mundo, na sua realidade concreta:
“A aprendizagem significativa verifica-se quando o estudante percebe que a matéria a estudar se relaciona com seus próprios objetivos. De maneira um tanto mais formal dir-se-á que uma pessoa só aprende significativamente aquelas coisas que percebe implicarem na manutenção ou na elevação de si mesma”. (Rogers, 1978:160).
Na Capoeira, a aprendizagem tem um reflexo claro na realidade do aluno, ela proporciona uma série de benefícios que influenciam a própria maneira de o aluno estar no mundo (“ser-no-mundo”). Quando o indivíduo entra numa roda de capoeira
[2], se insere num ambiente de encontro e contato direto com outra pessoa, que é seu companheiro (com quem irá jogar[3]), e um contato e encontro indireto com outras pessoas, que são os outros integrantes da roda. O ato de entrar na roda pela primeira vez representa o início do processo de aprendizagem mais significativo da Capoeira, é o começo dum processo de enfretamento e transposição de barreiras e medos (p.ex. do risco de contusões) que o capoeirista irá realizar em seu rico aprendizado. Dentro da roda, são suscitados os mais variados tipos de sentimento, emoções e reações, que são peculiares deste genuíno encontro que acontece na roda, encontro esse que é imprevisível e espontâneo, ditado pelo momento, podendo ser amistoso ou não.
“...é o canto, a ladainha que evoca o clima e dá o tom do jogo e expressa, resume o que vai rolar, pelo menos naquele instante. Isto porque o que está acontecendo neste momento, aqui e agora, pode ser completamente modificado à medida que se vai jogando, é o encontro que vai dizer o que ‘vai rolar’. É a resposta imediata do parceiro que vai provocar o tipo de jogo, aberto ou fechado, ou que eu seja mais afoito ou retrancado” (Amorim in: Freire, 1991:152).
O genuíno encontro realizado na roda de Capoeira tem características semelhantes, senão idênticas, com os encontros e contatos que vivencia na sua realidade. As experiências vividas na roda de Capoeira vão ter várias conseqüências para a vida do indivíduo, na medida em que, na capoeira, está podendo vivenciar momentos de integração e contato significativos, está podendo expressar sentimentos e emoções que, na realidade, muitas vezes é impedido (como, por exemplo, a expressão da agressividade), enfim, está lidando com aspectos emocionais, psicológicos e sociais que podem refletir diretamente na vida do sujeito.
O capoeirista Corisco do Recife, citado por Amorim (in: Freire,1991:152), expressa muito bem essa situação, quando diz que:
“A capoeira ultrapassa esses limites que tentamos impor a ela. Ela é um estilo de vida, um modo de ser, conviver, enfrentar o mundo. É mais que uma filosofia, é a própria vida do capoeirista. Na capoeira a gente pode expressar a dor, a alegria, a sensualidade, o ataque, a defesa, a saudade, o encontro”.
Na Capoeira aprende-se a enfrentar e superar muitas dificuldades e situações, o praticante está sempre descobrindo como se colocar nas mais inusitadas e inesperadas circunstâncias, aprende como escapar aos mais variados obstáculos e barreiras, esta sempre trabalhando sua expressão corporal, sua agilidade, sua destreza, sua flexibilidade, criatividade e espontaneidade. Cada aspecto ou característica pessoal trabalhada terá um reflexo na vida do indivíduo, que passa a encarar o mundo e a vida, suas dificuldades e obstáculos, de uma nova forma, com uma postura bem diferente.
Essa característica da capoeira -- que é a do desenvolvimento, ampliação e aprimoramento de uma postura ou atitude de interação, enfretamento e luta (frente ao meio) -- talvez possa explicar -- além da própria história de exclusão da Capoeira, desde sua criação e desenvolvimento -- o motivo de ser ela mais bem recebida e desenvolvida pelas classes mais oprimidas, classes mais pobres de nossa sociedade, que precisam, até como forma de sobrevivência, desenvolver uma “atitude de luta”, de resistência, atitude dinâmica e flexível de superação de barreiras e obstáculos que a realidade constantemente lhes impõe.
“A luta é o elemento básico para o enfrentamento dos mecanismos de poder que tentam impedir a auto-regulação, a liberdade de ser e fazer o que se quer. A disposição de luta numa roda de capoeira está relacionada às nossas atitudes de luta na vida. A roda é um treino e um diagnóstico de como estamos lutando. Nosso esquema corporal é um reflexo direto de nossa vida emocional” (Freire & Da Mata, 1993: 38).
Não devemos esquecer o fato de que as pessoas, de qualquer classe social, precisam superar obstáculos, fazer planos e enfrentar dificuldades de várias formas. Todas precisam desenvolver uma atitude de luta (para todas seria interessante conhecer a Capoeira). Sabemos, entretanto, que condições desfavoráveis (p.ex. carência material e de assistência) dificultam a realização e o desenvolvimento humano e, conseqüentemente, requisitam resistência e maior capacidade de adaptação.
Leitão (1986:69), falando sobre as idéias de Rogers, enfatiza mais uma característica da aprendizagem significativa:
“A aprendizagem auto-iniciada, que envolve toda a pessoa do aprendiz, tanto seus sentimentos quanto sua vontade e inteligência, é a mais durável e impregnante, levando à auto-realização”.
A Capoeira pode ilustrar claramente esta característica do tipo de aprendizagem proposto por Rogers. Nela, o aluno envolve-se integralmente, é o sujeito de suas ações e movimentos. Insere-se completamente. Esta condição lhe é imposta até em termos de sua segurança. O indivíduo deve estar atento e consciente da responsabilidade de seus atos, na interação com o companheiro como o qual esta jogando. Numa roda de Capoeira, o indivíduo trabalha a expressão de sentimentos, de emoções, ativa a cognição, trabalha a espontaneidade, a criatividade, a integração social. Além de tudo, está se apropriando da história e da cultura do povo brasileiro.
Ao entrar na roda, o capoeirista envolve-se totalmente, está ali de corpo e mente, seu corpo é sua mente (sua “alma”), é sua arma (Freire, 1991), é sua maneira de se apresentar ao mundo. Na roda, os seus sentidos são ativados, sua cognição e inteligência são mobilizadas, a expressão corporal desenvolve-se de maneira a descarregar as tensões que tornam o corpo rígido, deixando-o mais flexível e maleável. É o momento de encarar o contato ou confronto com o outro, é o momento de integração com o outro, momento de vivenciar todas as conseqüências dos seus atos e movimentos dentro desse jogo, é o momento de
“...enfrentar o parceiro de frente, estar em permanente alerta, nunca perdê-lo de vista. Todos os golpes, movimentos, ginga são realizados sem perder o contato com o outro, sem distanciar-se do que está ocorrendo no momento. É também um movimento de estudo do outro, de pesquisa de suas reações (fisiológicas, emocionais, psicológicas), do seu modo de jogar (sua abertura, soltura ou retraimento, desconfiança, malícia). É também a forma de perceber a hora e a maneira de enfrentar o desafio sem se espreitar. Saber o momento até de fugir quando a ameaça ultrapassa os seus potenciais, não por covardia, mas por astúcia, por estratégia de preservação” (Amorim in: Freire, 1991:153).
Apesar de existirem movimentos básicos na Capoeira, cada pessoa tem seu estilo próprio de jogar, cada um tem seu jeito de expressar-se nos movimentos. Isso decorre do fato da capoeira ser um lugar privilegiado para produção da criatividade, do cultivo da originalidade e espontaneidade de cada um. É um lugar privilegiado para expressividade, espaço de desenvolvimento pessoal, onde o praticante experiencia um processo contínuo de “dar-se-conta-de-si”, um processo de conscientização de atos e movimentos. O praticante de Capoeira é uma pessoa que está aprendendo a lidar com as nuanças do improviso, está em contínuo contato com o seu “aqui e agora”, com sua realidade atual (no sentido de “atos momentâneos”), está em contato criativo e dinâmico com o meio.
No processo de participação grupal, que é a Capoeira, o aluno está constantemente desenvolvendo liberdade e responsabilidade de movimentos e ações, um verdadeiro processo socializado de crescimento pessoal.
“É por meio de atos que se adquire aprendizagem mais significativa[...] A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do seu processo. A aprendizagem significativa aumenta ao máximo, quando o aluno escolhe suas próprias direções[..] decide quanto ao curso de ação a seguir, vive as conseqüências de cada uma dessas escolhas[...]a aprendizagem participada é muito mais eficaz que a aprendizagem passiva” Rogers (1978:163).
A vivência da capoeira é uma experiência ímpar. Proporciona ao aluno uma ativação, ampliação e complexificação da percepção. Uma verdadeira abertura progressiva à experiência. Na medida em que o indivíduo constrói uma vivacidade e auto-estima cada vez maiores. Dentro do processo de construção que é a Capoeira, ele toma consciência de seus potenciais, das possibilidades diversas de se manifestar, e torna-se capaz de se entregar cada vez mais ao novo, ao seu momento existencial. Torna-se capaz de adaptar-se de forma mais flexível às mudanças constantes que a realidade lhe impõe e assume, enfim, uma postura de luta e enfrentamento perante a vida.
Quando falamos de “abertura à experiência”, estamos nos remetendo a Rogers (1978:164), e estamos, desta forma, pensando a Capoeira inserida no contexto de suas idéias:
“A aprendizagem socialmente mais útil, no mundo moderno, é a do próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à experiência e à incorporação, dentro de si, do processo de mudança”.
A pessoa indivíduo, principalmente o brasileiro, ao praticar Capoeira, tem a oportunidade de vivenciar o contato com sua própria cultura, na medida em que passa a apropriar-se da história desta arte-dança-luta-jogo de raiz africana, mas de origem brasileira.
A Capoeira foi inspirada em danças e rituais dos negros africanos, os quais foram trazidos como escravos para os engenhos de açúcar, no Período Colonial brasileiro. Originou-se e desenvolveu-se aqui, todavia, como uma forma encontrada pelos negros escravos, de lutar contra e resistir às injustiças da escravidão, pela sobrevivência física e cultural de seu povo. A Capoeira apresenta-se, principalmente, como uma forma que o Negro encontrou para buscar sua liberdade.
Após a abolição da escravatura, ela logo se tornou uma poderosa e genuína forma de resistência dos mais variados grupos ou classes oprimidas
[4].
Atualmente, apesar de a Capoeira ter se disseminado por vários países do mundo, o que facilmente notamos, ainda, é o fato de ela ser mais aceita entre as classes mais pobres, e de sofrer uma certa discriminação social frente a outras práticas esportivas e culturais. Tal fato talvez se deva ao seu próprio processo histórico de exclusão.
Aprender Capoeira, então, é aprender sobre a formação cultural do povo brasileiro, praticar Capoeira é uma forma de manter vivo o jeito de ser do nosso povo, é trabalhar nossa identidade cultural. Quando uma pessoa conhece e pratica a Capoeira, entra em contato com a riqueza cultural brasileira, com um modo genuíno e peculiar de ser-no-mundo
[5]. Na Capoeira, enfim, o indivíduo tem a oportunidade de vivenciar uma aprendizagem significativa, onde aprendiz envolve-se como um todo (o corpo é a alma e a arma[6]), tirando lições extremamente ricas para a vida.
Mais que um esporte, uma dança, uma luta ou um jogo, a Capoeira é uma manifestação cultural que representa um modo de enfrentar o mundo e a vida. Uma forma que o povo brasileiro, principalmente as classes mais oprimidas e marginalizadas, encontrou e desenvolveu para resistir e lutar contra injustiças sociais, e contra formas autoritárias de relação. Ela se apresenta como uma forma de aprendizagem significativa que se coloca como uma importante fonte de desenvolvimento e crescimento para seus praticantes. Na medida em que é uma atividade de intensa expressividade, constitui-se como extremamente significativa em termos de aprendizagem.

A Capoeira também é terapêutica, na medida em que proporciona situações hermenêuticas
[7], situações de interpretação (em seu sentido dramático e teatral) vivencial, de atualização (ato-ação) das possibilidades de ser inerentes ao homem. Possibilidades de resgate do potencial de desenvolvimento e crescimento pessoal.
Fonseca (1998), ao escrever sobre o sentido do termo “interpretação” para as psicologias e psicoterapias de base fenomenológico-existencial (a abordagem de Carl Rogers insere-se neste grupo), distingue dois tipos de hermenêutica: uma que privilegia a ‘explicação’, característica, por exemplo, da hermenêutica psicanalítica. E outra, que privilegia a ‘compreensão’, que é o caso da hermenêutica fenomenológico-existencial. Quando falamos da Capoeira, dizemos que ela proporciona situações de:
“[...] interpretação que se constitui como desdobramento das possibilidades de ser da compreensão da facticidade e da afetividade existenciais do ser-no-mundo” (Idem).
Uma interpretação no sentido de representar, atuar, presentificar, tornar ato as possibilidades de ser, desdobrar a vivência.
A capoeira é “lócus” onde se privilegia o vivido, a vivência imediata da consciência, a interpretação no sentido fenomenológico existencial.
“[..] a interpretação fenomenológico existencial é a matéria prima de nosso ser-no-mundo, de nosso ser-com-os-outros, ser-no-mundo e ser-com os outros que dependem de nossa liberdade e capacidade para interpretá-los em sua riqueza, potência, sutilezas, necessidades e carecimentos próprios” (Idem).
Na Capoeira, o aluno encontra um lugar de desenvolvimento, um lugar onde pode desenvolver seus potenciais de criatividade, expressão corporal, originalidade e espontaneidade, verbalização e expressão de sentimentos, flexibilização do corpo, integração social, apropriação cultural. Lugar de afirmação de si, de percepção e encontro genuíno com o outro, de desenvolvimento de uma postura de enfrentamento da realidade, de uma forma flexível e dinâmica de estar no mundo.

Por fim, podemos concluir que a Capoeira, quando seus praticantes gostam, sentem prazer e vêem sentido ao praticá-la, pode ilustrar os vários aspectos de uma aprendizagem significativa. Aspectos estes que são: o envolvimento do indivíduo como um todo (organismo); o desenvolvimento da capacidade de mudança; o estímulo e ou resgate do potencial de crescimento e desenvolvimento inerente ao ser humano; a ativação e estímulo do processo de auto-regulação do organismo; contribuição para a ampliação e aprimoramento da percepção de si; a possibilidade de ser qualitativa e quantitativamente melhor para aquelas pessoas que vêem nela uma funcionalidade, uma prática intimamente relacionada com a realidade existencial, com o enfrentamento e superação de dificuldades na realidade concreta, com o desenvolvimento e crescimento pessoal.

Para aquelas pessoas que admiram a Capoeira, e crêem que não podem ou não conseguem praticá-la, pois acham-se incapazes de realizar seus belos movimentos acrobáticos, suas rasteiras, sua ginga e seus golpes. Enfim, acham-se impossibilitados de participar dela de forma satisfatória. Talvez seja interessante que conheçam um pouco mais sobre a visão otimista de Carl Rogers (1978:159-160) com relação à natureza humana:
“Os seres humanos tem natural potencialidade de aprender[...] São ambivalentemente ansiosos de desenvolver-se e de aprender. A razão da ambivalência está em que toda aprendizagem significativa envolve certa quantidade de dor[...] O primeiro tipo de ambivalência pode ser exemplificado pela situação da criança que aprende a andar. Tropeça, cai, machuca-se. É um processo penoso. No entanto, as alegrias de estar desenvolvendo seu potencial compensam, de muito, as pancadas e contusões[...]”.
As dificuldades que se enfrenta para aprender a jogar Capoeira ganham dimensões insignificantes, quando pensamos e percebemos a riqueza de seu aprendizado. A Capoeira é uma atividade maravilhosa, que proporciona intenso crescimento e maturação,
“[...] é uma atividade autônoma de manutenção da saúde para quem a pratica.Depois de vencidas as dificuldades iniciais, como o preconceito e o medo do risco, a capoeira acaba virando sinônimo de prazer[..]” (Freire & Da Mata, 1993: 39).



Referência Bibliográfica :

ROGERS, Carl. Liberdade para Aprender.Belo Horizonte, Interlivros,1978.
LEITÃO, Virgínia Moreira. Da teoria não-diretiva à abordagem centrada na pessoa:breve histórico. Revista de Psicologia da U.F.C. Fortaleza, vol.04, n°01, Jan/Jun, 1986.
FREIRE, Roberto. Soma: uma terapia anarquista;A arma é o corpo (Prática da Soma e Capoeira). Vol.2. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1991.
FREIRE & DA MATA. Soma: uma terapia anarquista;A síntese da Soma.Vol.3. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1993.
FONSECA, Afonso H. Lisboa da. Interpretação Fenomenológico-Existencial: Sobre o Sentido do ‘Interpretativo’ na Concepção e método da Psicologia e Psicoterapia Fenomenológico-Existencial. (TEXTO INÉDITO).
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Editora Nova Fronteira, 1988.